Órgão já enviou notificação à prefeitura de Muniz Freire.
Prefeitura foi procurada mas não quis falar sobre o assunto.
Pais de alunos de uma escola municipal de Muniz Freire, no Sul do Espírito Santo,
estão revoltados com a informação de que os estudantes têm sido
separados de acordo com a posição social da família. Segundo os pais, os
alunos com maior poder aquisitivo são colocados em uma sala de aula,
enquanto os de menor renda são postos em outra. A secretária do colégio
alega que tentaram uma distribuição por ordem alfabética, mas disse que
houve resistência de pais com melhores condições financeiras. Após a
denúncia, o Ministério Público enviou uma notificação de discriminação
social à prefeitura. A prefeitura foi procurada mas não quis falar sobre
o assunto.
Se as mães estão achando ruim, compra um terreno e constrói uma escola"
Cleisiana Oliveira, mãe de aluno
A escola em questão é a Lia Terezinha Merçon Rocha, que atende a
cerca de mil alunos, da 1ª à 8ª série do ensino fundamental. Entre a
população, a revolta foi grande e levantou opiniões de pais e alunos.
“Todos nós somos irmãos, somos filhos de Deus e ninguém é mais que
ninguém. Então, eu acho que isso tem que mudar”, falou a estudante
Tainara Costa.
A doméstica e mãe de aluno, Cleisiana Oliveira, também ficou
insatisfeita com a situação. “Se as mães estão achando ruim de os filhos
delas ficarem misturados com os nossos, compra um terreno e constrói
uma escola”, falou Cleisiana.
Em uma cidade com pouco mais de 18 mil habitantes e nenhuma escola
particular, a secretária do colégio, Marinha Carvalho, alegou que a
direção tentou organizar as turmas por ordem alfabética, mas os pais com
maior poder aquisitivo reclamaram. “Teve a divisão e alguns pais não
concordaram. As crianças tinham se adaptado com a divisão de turmas por
ordem alfabética, mas depois houve a separação”, disse Marinha Carvalho.
A diretora da unidade de ensino informou que a determinação de
separar as turmas partiu do Conselho Municipal de Educação e o critério
seria por rendimento. Contra a decisão, a então secretária de educação
de Muniz Freirepediu
demissão logo após o carnaval. O Ministério Público já enviou uma
notificação à prefeitura e recomendou a separação dos estudantes por
ordem alfabética.
Segundo o promotor de Justiça Elion Vargas, o critério,
anteriormente, era subjetivo. “Eles faziam do jeito que queriam. Mas,
agora será por ordem alfabética e, assim, os beneficiados estarão juntos
àqueles que foram discriminados. Não é admissível hoje, em uma
sociedade que preza pela educação e pela igualdade na educação, a gente
aceitar um fato que remonta a Idade Média, em que separavam os nobres da
plebe”, declarou.
Escola
Lia Terezinha Merçon Rocha, atende cerca de mil alunos, da 1ª à 8ª série
do ensino fundamental em Muniz Freire. (Foto: Reprodução/TV Gazeta)
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