segunda-feira, 16 de julho de 2012

EDITORIAL: A NADA SECRETA FÓRMULA DA BOA EDUCAÇÃ

"O comprometimento da comunidade escolar (direção, professores, alunos e o envolvimento direto da família) é que faz a diferença no aprendizado", afirma jornal

Fonte: O Globo (RJ)
A série de reportagens do GLOBO com as ilhas de Ensino público de qualidade em áreas de extrema pobreza oferece argumentos irrespondíveis contra o mito de que a Educação brasileira patina em índices medíocres de avaliação por conta, principalmente, de insuficientes dotações orçamentárias. Com base neste falso pressuposto, desfraldam-se bandeiras em defesa de mais verbas para a rubrica. O movimento mais visível nesse sentido é a mobilização política que leva água para a reivindicação de se dobrar, até 2022, o percentual destinado ao sistema educacional do país, dos atuais 5,1% para 10% do PIB.
Defende-se a duplicação dos valores destinados à Educação com uma premissa enganadora - a de que, sem a alocação de mais recursos nas Escolas, não se melhora a qualidade do que ali se ensina. A realidade de estabelecimentos Escolares públicos em áreas carentes do país que, com orçamentos minguados, dão excelente formação a seus Alunos, como relatado nas série de reportagens, derruba a lenda. Os exemplos apresentados pelo jornal comprovam que não é o montante de recursos que determina a excelência da sala de aulas. O comprometimento da comunidade Escolar (direção, Professores, Alunos e o envolvimento direto da família) é que faz a diferença no aprendizado. 
Há o caso de uma Escola estadual no município de Eurinepé, a 1.200 quilômetros de Manaus, no interior do Amazonas, com Alunos (80% beneficiários do Bolsa Família) que moram em palafitas, cujo Índice de Desenvolvimento da Educação básica (Ideb) pulou de melancólicos 2,7 em 2005 para 8,7 em 2009 (a média dos países desenvolvidos é 6). No Rio, duas Escolas cujo corpo discente também está na base da pirâmide social, uma na Zona Sul e outra na Zona Oeste da cidade, têm performance semelhante: alto rendimento na medição do Ideb e baixos valores no caixa. Ao todo, o país tem pelo menos 82 desses pontos de excelência educacional que desafiam a pobreza e os baixos orçamentos. 
Mas há outro viés que ajuda a desfazer a utopia da melhoria do Ensino pelo simples manejo da chave do cofre. Um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), clube de países industrializados, mostra o Brasil com uma despesa de US$ 18 mil por Aluno entre 6 e 15 anos. Comparativamente, é investimento alto para um retorno desproporcionalmente baixo. É uma alocação, por exemplo, que supera em quase 45% a dotação orçamentária da Turquia - mas, no exame do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), o país fica 52 pontos acima do nosso. Nações como Estados Unidos, Noruega e Suíça gastam mais de US$ 100 mil por Aluno, mas com resultados abaixo dos obtidos por Coreia do Sul e Finlândia, com investimentos mais modestos. 
De resto, no caso brasileiro, injetar mais recursos num sistema que gasta mal corresponde apenas a aumentar o fluxo de dinheiro pelo ralo (ou, não raro, a ampliar os buracos por onde são vazadas, para bolsos particulares, as verbas públicas destinadas à Educação). O quadro se repete em outros setores, como Saúde, também vítima de uma estrutura em que parte das deficiências se deve à maneira incorreta como eles são empregados. Uma questão de mau gerenciamento.
Todos pela Educação, 12 jul. 2012. Disponível em http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na...

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