quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

OPINIÃO: QUE TAL PAIS MELHORES?

* Flavio José Kanter
Sob esse título li um texto de Thomas Friedman, autor de O Mundo é Plano, no qual apresenta informações interessantes. Nós nos preocupamos com a escolha da Escola e deprofessores competentes e motivadores para que nossos filhos ingressem nas boas universidades, obtenham sucesso na vida profissional. Isso é legítimo.

O que Friedman contou? Estudos revelam que pais focados na Educação dos filhos fazem diferença nos resultados que eles atingem. A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico aplica a cada três anos teste em jovens de 15 anos de idade que estão concluindo o primeiro grau em países do topo dos industrializados.

Os testes avaliam a capacidade de compreender textos lidos e o que aprenderam de matemática e ciências para resolver problemas reais. Há alguns anos resolveram pesquisar o que há nesses resultados além das salas de aula.

Em 2006 pesquisaram em seis países, em 2009 acrescentaram mais 14. Comento três resultados da pesquisa. Obtiveram melhores notas, com diferença marcada, alunos cujos pais liam com eles diariamente ou quase, ao longo do primeiro ano da Escola primária, o ano da alfabetização, ao contrário dos filhos de pais com quem nunca ou quase nunca liam. Este desempenho superior dos estudantes independe da situação socioeconômica da família.

Outro resultado importante: estudantes de 15 anos com melhores notas são os que têm pais engajados no seu processo Escolar. O envolvimento pode ser tão simples como perguntar como foi o dia na Escola, acompanhar com genuíno interesse o que seu filho está aprendendo. Essa atitude equivale a muitas horas de aulas particulares. Ler juntos, contar histórias ou conversar sobre o dia mostra melhor resultado do que brincar ou jogar juntos.

Outro estudo citado mostrou que pais podem se envolver de múltiplas formas com os filhos na Escola: muito eficaz é saber como o filho está, o que está acontecendo com ele no momento. A correlação diminui quando o envolvimento é com reuniões de pais e mestres, ações voluntárias e de ex-alunos da Escola, conselhos de diretoria.

Nós, médicos, muitas vezes lidamos com mães e pais que se sentem culpados por não dispor do tempo que gostariam para estar com seus filhos. A resposta que temos é que vale mais a qualidade do tempo compartilhado com os filhos do que a quantidade.

Um executivo que olhou a foto da família na Escola do seu filho de seis anos viu que não estava junto e sentiu um choque, mudou algumas de suas rotinas. O pequeno que perguntou ao pai quando ele iria ser o presidente da sua família ao invés de ir a tantas reuniões da entidade que preside fez seu pai refletir.

Nada substituirá o bom professor em sala de aula. Mas melhores pais podem ajudar os bons mestres a ser ainda melhores.

* Médico

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