A escola fica em Arapoanga, um dos bairros mais violentos de Planaltina, a 40 quilômetros de Brasília. Quando assumiu a direção, o professor Jordenes encontrou o caos.
Quem vê o povo reunido na maior tranquilidade não imagina o terror de dez anos atrás. “As pessoas tinham medo de botar os filhos na escola. Ela vivia, essencialmente, a condição de insegurança do bairro”, lembra o professor.
A escola fica em Arapoanga, um dos bairros mais violentos de Planaltina, a 40 quilômetros de Brasília. Quando assumiu a direção, o professor Jordenes encontrou o caos. “Era desrespeito com os professores e servidores, e destruição do patrimônio da escola”, conta.
A primeira providência do novo diretor foi chamar a polícia. Em um só dia, 75 prisões; 25 camburões da PM saíram lotados da escola.
“Foragidos da Justiça, pessoas com mandado de prisão e que usavam a escola para ter acesso aos adolescentes e alunos”, diz. É claro que depois vieram as ameaças de morte, mas o professor Jordenes estava determinado a fazer a escola funcionar. Uma ideia fixa que talvez tenha começado muitos anos antes de tanto ouvir o pai repetir o velho ditado: “Feliz do homem que é escravo de uma grande ideia”.
“Eu resolvi me tornar escravo de uma grande ideia: formar meus filhos”, diz Juverci da Silva, pai de Jordenes.
Quando juntou a tralha da família e deixou o interior de Minas em direção a Planaltina, Juverci já sabia o que fazer. “Procurei uma escola, matriculei os filhos, comprei uma carroça, um cavalo e fui para a rua”.
Um carroceiro e uma empregada doméstica semianalfabetos tomavam as lições dos filhos com obstinação. “Vocês aprendem a tabuada, porque, se souberem de cor, vocês vão conseguir a matemática de vocês”, ensina a mãe Jurandy da Silva. O filho mais velho virou doutor com três diplomas: biologia, administração e direito. Por isso, ele acredita na força da educação. E mesmo no bairro cinzento e pobre, quer seus alunos estudando na sombra de um jardim florido.
“Esse impacto traz ao aluno a certeza de que chegou a um lugar especial”, acredita Jordenes.
Tão especial que tem musica clássica em vez de sirene. “O ambiente é calmo e tranquilo, mas é vivo, porque a música também traz essa vivacidade. A sirene, não”, acrescenta. Há espelhos por todos os lados. “A imagem te dá o referencial de como você se contextualiza, o que você faz aqui na escola. Quando colocamos as barras de espelho, os alunos começaram a olhar primeiro para si. Isso deu um choque de autoestima”, explica o professor.
Ele não tem vergonha de pedir. Com a embaixada do Japão, conseguiu uma tela interativa. Foi a primeira escola do Brasil a ter essa ferramenta. “Só o Fantástico, da Rede Globo, e nós tínhamos esse quadro quando ele chegou nessa escola. Só que de lá para cá a nossa evasão escolar caiu 35%.” É fácil entender o porquê. “É muito melhor, porque a gente tira parte do conteúdo maçante que a gente só aprende no quadro branco”, opina Gualter Sobrinho, de 13 anos.
O fascínio dos alunos com a tecnologia é canalizado para as microaulas no blog da escola, que já tem 60 mil acessos. Tendo uma dúvida, ele passa um e-mail, que é entregue para o professor da matéria, que sana a dúvida”, aponta Jordenes.
Em uma comunidade tão pobre, por que não empregar gente da região? “Começamos a trazer para trabalhar na limpeza da escola moradores do bairro. Nesse momento em que estamos conversando, o responsável pela segurança da escola é pai de uma aluna da oitava série”.
Em dez anos, muita gente já mudou de vida. O professor Uarlen Dias foi aluno de Jordenes. Está de volta como professor para ensinar em outro contexto. “Do lado de cá era a quarta série e do outro lado a quinta. O que dividia era uma madeira no meio. Eu vi isso mudando”, diz Uarlen.
A escola fica em Arapoanga, um dos bairros mais violentos de Planaltina, a 40 quilômetros de Brasília. Quando assumiu a direção, o professor Jordenes encontrou o caos. “Era desrespeito com os professores e servidores, e destruição do patrimônio da escola”, conta.
A primeira providência do novo diretor foi chamar a polícia. Em um só dia, 75 prisões; 25 camburões da PM saíram lotados da escola.
“Foragidos da Justiça, pessoas com mandado de prisão e que usavam a escola para ter acesso aos adolescentes e alunos”, diz. É claro que depois vieram as ameaças de morte, mas o professor Jordenes estava determinado a fazer a escola funcionar. Uma ideia fixa que talvez tenha começado muitos anos antes de tanto ouvir o pai repetir o velho ditado: “Feliz do homem que é escravo de uma grande ideia”.
“Eu resolvi me tornar escravo de uma grande ideia: formar meus filhos”, diz Juverci da Silva, pai de Jordenes.
Quando juntou a tralha da família e deixou o interior de Minas em direção a Planaltina, Juverci já sabia o que fazer. “Procurei uma escola, matriculei os filhos, comprei uma carroça, um cavalo e fui para a rua”.
Um carroceiro e uma empregada doméstica semianalfabetos tomavam as lições dos filhos com obstinação. “Vocês aprendem a tabuada, porque, se souberem de cor, vocês vão conseguir a matemática de vocês”, ensina a mãe Jurandy da Silva. O filho mais velho virou doutor com três diplomas: biologia, administração e direito. Por isso, ele acredita na força da educação. E mesmo no bairro cinzento e pobre, quer seus alunos estudando na sombra de um jardim florido.
“Esse impacto traz ao aluno a certeza de que chegou a um lugar especial”, acredita Jordenes.
Tão especial que tem musica clássica em vez de sirene. “O ambiente é calmo e tranquilo, mas é vivo, porque a música também traz essa vivacidade. A sirene, não”, acrescenta. Há espelhos por todos os lados. “A imagem te dá o referencial de como você se contextualiza, o que você faz aqui na escola. Quando colocamos as barras de espelho, os alunos começaram a olhar primeiro para si. Isso deu um choque de autoestima”, explica o professor.
Ele não tem vergonha de pedir. Com a embaixada do Japão, conseguiu uma tela interativa. Foi a primeira escola do Brasil a ter essa ferramenta. “Só o Fantástico, da Rede Globo, e nós tínhamos esse quadro quando ele chegou nessa escola. Só que de lá para cá a nossa evasão escolar caiu 35%.” É fácil entender o porquê. “É muito melhor, porque a gente tira parte do conteúdo maçante que a gente só aprende no quadro branco”, opina Gualter Sobrinho, de 13 anos.
O fascínio dos alunos com a tecnologia é canalizado para as microaulas no blog da escola, que já tem 60 mil acessos. Tendo uma dúvida, ele passa um e-mail, que é entregue para o professor da matéria, que sana a dúvida”, aponta Jordenes.
Em uma comunidade tão pobre, por que não empregar gente da região? “Começamos a trazer para trabalhar na limpeza da escola moradores do bairro. Nesse momento em que estamos conversando, o responsável pela segurança da escola é pai de uma aluna da oitava série”.
Em dez anos, muita gente já mudou de vida. O professor Uarlen Dias foi aluno de Jordenes. Está de volta como professor para ensinar em outro contexto. “Do lado de cá era a quarta série e do outro lado a quinta. O que dividia era uma madeira no meio. Eu vi isso mudando”, diz Uarlen.
Ex-alunos dificilmente perdem o vínculo com a escola. “Esse telhado é um presente de Sandro, da seleção brasileira. Nosso ex-aluno”, mostra Jordenes. Da Inglaterra, onde mora, o volante Sandro, do Tottenham e da seleção brasileira, diz que o bairro de Arapoanga mudou por causa da escola. “É um bairro hoje está muito melhor, conseguindo tirar mais a criminalidade e drogas das ruas. Hoje em dia está uma maravilha”, elogia Sandro.
Receitar educação contra a violência é um remédio de eficiência comprovada até pelo juiz de Planaltina, Ademar Vasconcelos. “Tínhamos, no final dos anos 1990, uma média de quase um homicídio por dia. Isso diminuiu, assim como o tráfico de drogas”, garante o juiz.
Para Jordenes, o que existe no local é uma competição que ele está determinado a vencer.
“O traficante oferece a moto, o dinheiro, o tênis, o celular. Eu não posso oferecer isso. O que eu ofereço é uma possibilidade. Só que eu ganho essa luta. Eu ofereço ao aluno a possibilidade de sonhar. Eu tenho 1.243 alunos. A minha história prova para cada um deles que a educação dá certo, porque ela transformou a minha vida, e pode transformar a deles também”, conclui.
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